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"Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas árvores e dar­lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver” Amir Klink

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

VIAGEM DE BICICLETA - ‘NOS TRILHOS DO TEMPO’


PLANILHA DA VIAGEM DE BICICLETA
GOIÂNIA (GO) a ARAGUARI (MG) NOS TRILHOS DO TEMPO’
Dezembro de 2012

ORIGEM
DESTINO
DISTANCIA
(Km)
DIA
TOTAL
DIA(Km)
DATA
GOIANIA
L. DE BULHÕES
61
     93
26/12
L. DE BULHÕES
VIANOPOLIS
32
VIANOPOLIS
ORIZONA
47
85
27/12
ORIZONA
PIRES DO RIO
38
PIRES DO RIO
URUTAÍ
24
59
28/12
URUTAÍ
IPAMERI
35
IPAMERI
VERISSIMO
31
  4º
53
29/12
VERISSIMO
GOIANDIRA
22
GOIANDIRA
CUMARI
18

  5º
    
     69

30/12
CUMARI
ANHANGUERA
12
ANHANGUERA
AMANHECE
25
AMANHECE
ARAGUARI
14
TOTAL
359

O Trem do passado
















Nesta nova viagem, o objetivo é voltar a um passado não muito distante, percorrer o caminho da antiga Estrada de Ferro da Viação Férrea do Centro Oeste, transporte utilizado para viajar de Goiânia a Goiandira durante minha infância e adolescência, viagens estas inesquecíveis. 



Mapa da VFCO

Ponte Ferroviária em Anhanguera - Go






















sexta-feira, 16 de março de 2012

RELATO DA VIAGEM (solitária) pelo CAMINHO DA FÉ 2012



CAMINHO DA FÉ 
Águas da Prata / Aparecida – 19 a 25 de Janeiro de 2012
Altimetria do Caminho da Fé - Guia Caminho da Fé
Antonio Olinto / Rafaela Asprino


O INICIO DE TUDO...
(dedicado a quem me incentivou desde o primeiro minuto dessa “LOUCURA” para muitos, mas, para você o projeto de um sonho para ser realizado... e eu consegui. VOCÊ, MEU BEM... MÁRCIA VALÉRIA. E T A.)
            
Entrei em uma banca de revistas no shopping aqui em Palmas, e, ao observar as revistas ali expostas, chamou-me atenção uma nova publicação de uma revista direcionada a leitores que gostam de bicicleta (REVISTA DA BICICLETA). Ao folhear a revista deparei-me com uma matéria sobre ciclo-turismo onde um dos personagens era um senhor com idade superior aos 50 anos, e que estava ingressando neste maravilhoso mundo das viagens de bicicleta. Lendo a matéria fiquei muito emocionado com os relatos feitos por aquela pessoa que estava descobrindo um mundo novo no que se diz respeito a um novo formato de viajar, ou seja, realmente estar em pleno contato com os lugares que você esta visitando.
               A partir do primeiro contato comecei realmente a interessar-me pelo assunto, buscando cada vez mais informações em revistas especializadas, sites na internet, onde encontrei depoimentos maravilhosos de pessoas e suas viagens inesquecíveis. Na REVISTA DA BICICLETA fiquei conhecendo o site de um grupo de ciclistas de Formosa em Goiás, e, ao acessá-lo, deparei-me com o relato da viagem que o grupo fez pelo então, para mim, desconhecido CAMINHO DA FÉ.  Quanto mais eu avançava na leitura, mais ficava envolvido com tudo aquilo, as belíssimas paisagens, a dificuldade de realização, mas também a fortíssima sensação de liberdade, de realização, e ao chegar ao final da peregrinação, a grande emoção de estar em um lugar que representa que a fé pode levar você a lugares nunca imaginados.
               ... E então, começou a circular em minha cabeça e em meu coração que eu também poderia realizar o que seria para mim, um feito fantástico! Fazer esta peregrinação e chegar à Basílica Nacional em Aparecida como uma forma de agradecimento pela recuperação de uma crise bastante aguda de uma hérnia de disco, sem a necessidade de uma intervenção cirúrgica.
               Daquele momento em diante, dei inicio ao projeto de realizar esta viagem, buscando formas de viabilizar financeiramente a mesma, pois não seria possível realizá-la com recursos próprios, o momento não era propicio e as dificuldades eram muitas. Montei o projeto, enviei a um grupo de possíveis apoiadores/patrocinadores, comecei a juntar moedas em um cofrinho (rendeu uma quantia que ajudou bastante), e outras ajudas que se somaram durante o processo de preparação da viagem.  Depois de algum tempo de espera finalmente recebi a grande noticia: poderia contar com as ajudas dos apoiadores/patrocinadores: Hakanay Queiroz (RADIO JOVEM PAN – GOIÂNIA) Marcus Vinícius Queiroz (CENTRAL DO BRASIL – AGENCIA DE PUBLICIDADE DE GOIÂNIA) e Marcello Queiroz (o gordinho de São Paulo) JORNALISTA ESPECIALIZADO EM PROPAGANDA E MARKETING, para a realização do que parecia ser sonho: percorrer de bicicleta o CAMINHO DA FÉ ate a cidade de Aparecida do Norte em São Paulo. Agradeço a estas três pessoas que foram fundamentais para que tudo isto viesse a acontecer, e tenho certeza que Nossa Senhora Aparecida está a olhar por todos eles e suas famílias: muitíssimo obrigado por tudo!  No dia anterior à viagem com destino à AGUAS DA PRATA de onde iniciaria a peregrinação, tive uma surpresa ao visitar a casa de um grande amigo o José Antônio e Paulene quando estes me disseram: ”temos uma surpresa para você”, e também fizeram uma colaboração em dinheiro para ajudar na viagem, o que sou muito grato pela demonstração de carinho e amizade do casal.
                                                                                                                                                                                          
17 DE JANEIRO DE 2012 (TERÇA-FEIRA) – Saída de Palmas - fui para o aeroporto de Palmas às 23h30min do dia 16 de janeiro de 2012 para seguir às 05h00min do dia 17 com destino a Ribeirão Preto chegando às 13h30min. Do aeroporto de Ribeirão Preto, diretamente para a rodoviária, e, continuando a viagem por mais 193 km de ônibus até Águas da Prata, chegando naquela cidade, o ponto de partida do CAMINHO DA FÉ, às 18h30min.
Sede do Caminho da Fé - ÁGUAS da PRATA

18 DE JANEIRO DE 2012 (QUARTA-FEIRA) – O dia foi de intensa preparação para o inicio da viagem. Fui à sede da Associação dos Amigos do Caminho da Fé, onde fui muito bem recebido e retirei a credencial para a viagem. Após o almoço, ao iniciar uma pedalada para verificar se estava tudo certo com a bicicleta, pude constatar que o passador de marcha traseiro estava desregulado. Fiquei um pouco surpreso, pois antes da viagem havia feito uma revisão geral na bike. Ao levá-la em uma bicicletaria da cidade, o mecânico verificou que não se tratava de regulagem e sim, o suporte do passador traseiro estava empenado, certamente durante a viagem de avião ou de ônibus, pois a forma com que nossas bagagens são tratadas pelas companhias aéreas e rodoviárias, é de muita falta de respeito com nossos pertences.  Terminei os preparativos para o dia seguinte, o início.

19 DE JANEIRO DE 2012 (QUINTA-FEIRA) AGUAS DA PRATA \ ANDRADAS – Ao acordar, abri a janela e notei que estava um dia um pouco nublado, pois na noite anterior havia chovido bastante, mas, estava um dia muito bonito, apesar de tudo. Após o café da manhã, peguei a bike e sai às 7h em direção às fontes de água mineral da cidade para encher as garrafas e seguir em frente. Confesso que estava muito feliz por estar ali naquele momento, porém, muito apreensivo, pois de cara, na saída da cidade, peguei uma subida bastante íngreme, sendo já uma pequena demonstração das dificuldades que iria enfrentar ate o ponto final, Aparecida. Cometi o erro mais comum que todos os principiantes cometem, estava com excesso de peso na bagagem. Foi uma etapa bastante difícil como se pode verificar pela altimetria do percurso. Com o desenrolar da viagem fui adquirindo mais confiança mesmo com toda dificuldade que se apresentava.
Cachoeira entre ÁGUAS da PRATA e ANDRADAS 
Durante boa parte do caminho entre as belas fazendas, belas paisagens que se apresentavam, havia muita solidão, não me encontrei com ninguém, principalmente no trecho de subida da serra. Estrada fechada parecia um imenso túnel verde, muito silêncio quebrado apenas por barulhos de animais habitantes do lugar, várias cachoeiras e corredeiras que desciam a serra em direção ao vale, cada uma mais bela que a outra, água pura, cristalina, fria e deliciosa para refrescar o cansaço. Chegando ao alto da serra a 1400 m de altitude, estava no Pico do Gavião onde existe uma belíssima pousada, local ideal para um descanso com uma linda vista. Em seguida, começa uma grande descida para a cidade de Andradas no estado de Minas Gerais. Não sei o que é pior se subir ou descer, descidas igualmente íngremes, portanto, a descida era feita segurando no freio da bike, pois a estrada, muito ruim, cheia de pedras soltas e buracos, e uma queda poderia causar sérias contusões e escoriações impedindo o prosseguimento da viagem. Entrando em Andradas já bastante cansado fui à procura de um restaurante para almoçar. Logo em seguida o primeiro contratempo, pneu traseiro furado, conseqüência do excesso de peso na bike, foi então que decidi pernoitar na cidade e diminuir o peso doando roupas já usadas e outros objetos que não se faziam necessários. Durante a estada no hotel conheci um grupo de senhores e senhoras que faziam o caminho a pé, oportunidade que tive para bons momentos de conversa e orientações, pois, não era a primeira vez que percorriam o caminho.
Vista de Andradas alto da serra – PICO DO GAVIÃO

20 DE JANEIRO DE 2012 (SEXTA-FEIRA) ANDRADAS \ BARRA \ OURO FINO – Dia muito bonito, poucas nuvens, sem sol, muito propicio para pedalar. Saí as 07h00min logo após o café da manhã, ainda com peso a mais na bicicleta. No início tudo muito tranquilo, estrada boa, plana e subidas leves, pois o pior ainda estava por vir, a subida da Serra dos Lima, com início no km 10 até o km 16, com inclinação muito acentuada, sendo que em alguns momentos não era possível subir montado na bike, era empurrando ladeira acima.
Exatamente no meio dessa difícil empreitada, aparece um local para descanso, meditação e água pura da serra para renovar o estoque das garrafas. Uma estrutura semelhante a um altar com imagens e fotos que várias pessoas deixaram durante suas peregrinações.
Vista da cidade de ANDRADAS do alto da  SERRA DOS LIMA


Descendo a Serra dos Lima em direção à Barra, uma pequenina cidade situada em um vale, com paisagens inacreditáveis, iguais àquelas que já vimos pintadas em quadros e que eu acreditava que só existiam na imaginação do pintor, mas chegando lá vi que era real como comprovam as fotos. Cidade que perece que parou no tempo.

Cidade que parece uma pintura e que parou no tempo
BARRA - MG
No bar de mureta azul parei para descansar e almoçar. Como não tinha refeição pronta, fiz apenas um lanche de pão com mortadela, que por sinal estava muito bom, feito pelo atendente chamado Thiago que me disse que mantinha muitos contatos com pessoas aqui do Tocantins pela internet.




Saindo de Barra com destino a Ouro Fino, terra do menino da porteira, logo no começo uma subida muito inclinada e com um barro que escorregava muito, difícil subir até mesmo empurrando a bike. Após o término daquela subida, ao passar em um local muito agradável com um riacho de águas frias e limpas, percebi que o pneu traseiro havia furado novamente, então parei para trocar câmara de ar e também verifiquei que ainda continuava com muito peso, pois os raios da roda estavam ficando frouxos e também para complicar ainda mais o passador de marcha traseiro desregulou por completo, dificultando assim as mudanças de marcha. 

Casa do Peregrino – OURO FINO      
Menino da porteira trevo de entrada de OURO FINO


Passei por Crisólia, outra cidadezinha, antes de chegar a Ouro Fino, e quando cheguei fui direto a uma bicicletaria para resolver os problemas anteriormente citados. Ao chegar a Ouro Fino fui recebido pelo gigantesco menino da porteira logo na entrada da cidade. Hospedagem bastante agradável, um local simples, mas com muita receptividade por parte de todos da casa. Cidade do interior de Minas Gerais, interessante e agradável.

21 DE JANEIRO DE 2012 (SÁBADO) - OURO FINO \ INCONFIDENTES \ BORDA DA MATA \ TOCOS DO MOJI - Saindo bem cedinho de Ouro Fino em direção a Inconfidentes um caminho bastante suave onde finalmente pude desenvolver uma boa velocidade em um terreno bom até a chegada na cidade de Inconfidentes. Para prosseguir pedalei por quase 2 km pela rodovia MG 290 em pista de asfalto. Ao fim desse trecho retornei a estrada de terra e logo após mais alguns quilômetros comecei a encontrar vários competidores da Ultra-Maratona Brasil 135. Também tive a satisfação de conhecer o Sr. Vicente, um típico fazendeiro do interior de Minas Gerais, que ao passar pelos competidores da Ultra Maratona, aqueles não respondiam aos seus cumprimentos. Quando estava parado bebendo um pouco de água, ele se aproximou de mim e me cumprimentou, o que mais rapidamente lhe respondi e ele ficou muito satisfeito e deu segmento a uma boa prosa mineira, me mostrou sua fazenda e seu gado que ele vinha tocando pela estrada. Despedi-me do Senhor Vicente e segui em frente. No Km 18 cheguei ao descanso do Sr. Joaquim, um lugar com muita sombra, água fresca e potável. Naquele local encontrei com vários veículos de apoio aos competidores da ultra-maratona que me ofereceram ajuda caso necessário, agradeci, descansei e segui. Cheguei à Borda da Mata na hora do almoço, onde fiz a refeição no restaurante Casarão, comida muito boa e barata.
Igreja matriz de BORDA DA MATA
           Logo após o almoço, parei para descansar em uma sombra na praça (da foto acima) por um período de tempo para a digestão. Em seguida, retornei ao caminho parando logo após a saída da cidade para pedir água na residência de uma senhora no qual fui prontamente atendido. O percurso desta etapa é relativamente pequeno 17 km, mas do Km 06 até o Km 11, uma subida muito íngreme com 400 m de desnível e que em algumas situações, a inclinação, apesar de não ter instrumento adequado para medir, mas posso quase que garantir que o ângulo de inclinação chegava a mais de 45 graus. O cansaço começava a imperar e a dificultar a subida, sendo que mais uma vez foi necessário subir empurrando a bike. Na metade do percurso, parei na fazenda da família Xavier do Sr. Jesus, onde ele e sua família ofereciam água boa para beber na gruta de Sant’ana em sua propriedade. Descansei por um bom tempo, pois o desgaste físico já era bem acentuado. Quando terminei a subida da serra, no ponto mais alto, parei para beber água. Foi quando encontrei algumas pessoas em um carro de apoio aos ultra-maratonistas de uma equipe lá de Goiás. Parei, conversei um pouco e segui em frente para a etapa final, que foi mais tranquila, por ser quase toda em descida.Chegando a Tocos do Moji e que se pronuncia “Tócos do Moji” porque o nome da cidade não deriva da palavra ‘toco (de madeira) e sim da palavra grega “tokos” que segundo o Aurélio significa “ação de conceber”, ou seja, onde o rio – “Moji” ou Mogi – é concebido, ou seja, onde nasce. (Fonte: Guia Caminho da Fé para Ciclistas e Caminhantes – Antonio Olinto e Rafaela Asprino) ..

Igreja da cidade – TOCOS DO MOJI
22 DE JANEIRO DE 2012 (DOMINGO) - TOCOS DO MOJI \ ESTIVA \ CONSOLAÇÃO \ PARAISÓPOLIS.
Etapa de um grau de dificuldade muito elevado e como já estava na metade de todo o percurso, o desgaste físico era bastante grande, tornando as coisas ainda mais difíceis. Mas, em compensação, passei por vales e montanhas muito
bonitos, e, quando procurei a máquina fotográfica para registrar o momento, percebi que tinha esquecido
em algum lugar em Tocos do Moji. Não retornei porque estava mais próximo de Estiva do que de Tocos. Fiquei muito abatido e chateado pelo acontecido e de não poder registrar as  belas imagens a minha disposição. O abatimento foi tanto que nem me lembrei que estava com o celular, e isto so aconteceu quando cheguei à Estiva e que liguei (de um orelhão) para casa e a Márcia me lembrou que poderia utilizar o celular para continuar registrando tudo, e foi o que fiz, por isso poucas fotos desse trecho.
Liguei para a Dona Terezinha, dona da pousada em Tocos, que logo me deu a boa noticia
que tinha achado minha câmera fotográfica. Passei-lhe meu endereço em Palmas e pedi
 a ela que me enviasse pelo correio. Quatro dias após ter chegado a Palmas, na hora do
almoço eis que buzinam na porta de minha residência e, era o carro dos correios (sedex)
com minha encomenda vinda de Tocos do Moji, a câmera. Fiquei muito agradecido a
presteza de dona Terezinha pela devolução da câmera.
Praça em ESTIVA - MG
Na seqüência do trecho entre Estiva e Paraisópolis, passando por Consolação uma cidade bem pequena e um pouco mais conformado com os últimos acontecimentos foi possível fazer algumas imagens com o celular. Etapa também muito difícil principalmente a subida entre os quilômetros 8 e 15  entre Estiva e Consolação.
Entre Consolação e Paraisópolis, uma pedalada menos difícil, mas os últimos quilômetros antes de chegar à Paraisópolis, tive que pegar carona, pois a bicicleta apresentou novo problema no passador traseiro ficando quase que impossível passar as marchas. Cheguei muito cansado e pensei em desistir. Mas, não foi para desistir que sai de tão longe e a vontade de chegar foi mais forte. Depois de uma noite bem dormida, acordei no dia seguinte muito bem disposto para continuar e chegar ao tão sonhado destino.
  
23 DE JANEIRO DE 2012 (SEGUNDA-FEIRA) PARAISÓPOLIS \ SÃO BENTO DO SAPUCAI \ SAPUCAI MIRIM \ C. DO JORDÃO.
Praça da igreja – PARAISÓPOLIS
            Ao dormir ontem à noite, estava muito preocupado com meu condicionamento físico e também porque já apresentava bastantes dores em ambas as pernas. Mais uma vez, a força de vontade para conseguir chegar ao objetivo traçado entrou em cena, e, graças a Deus e a Nossa Senhora Aparecida que queriam me ver chegar a sua casa. Foi o percurso mais longo cerca de quase 74 km, mas também o mais prazeroso de pedalar.
           Saí do hotel logo após o café da manhã por volta de 7h. Até Campos do Jordão passaria por mais duas cidades no meio desse percurso: São Bento do Sapucaí em SP e Sapucaí Mirim em MG, duas cidades conhecidas como estâncias climáticas de natureza agradável e exuberante.
           Partindo de Paraisópolis a uma altitude de 950 m e chegando a Campos do Jordão a quase 1700 m de altitude, a estrada toda de asfalto, muito bonita, plana e subidas suaves em quase toda a extensão, tornando-se bastante íngreme nos quilômetros de subida da serra para chegar a Campos do Jordão, aumentando assim as dificuldades, mas superadas com bastante alegria e entusiasmo, pois do outro lado da serra seria de uma descida maravilhosa.
Estrada para CAMPOS DO JORDÃO
  Quando iniciei a subida da serra para Campos do Jordão, tive por bastante tempo e quilômetros, como companheiros de subida, um fazendeiro montado em seu cavalo e puxando outro naquele lento e barulhento trotar com a batida das ferraduras dos cavalos no asfalto. Foi uma ótima companhia para quem já estava um pouco cansado de solidão. Chegando à cidade fui à procura da pousada Refúgio dos Peregrinos para pernoitar, onde também fui muito bem recebido por todos que ali se encontravam, proprietários da pousada e os peregrinos. Grande oportunidade de conversar com todos, ouvindo seus relatos do que tinham feito até esta etapa do percurso, da satisfação de estar tão perto da conclusão de suas peregrinações. Também presenciei pessoas que estavam desistindo por não mais ter condições físicas para continuar, ocasionadas por lesões e contusões diversas, o que realmente era uma pena, pois reafirmo, estavam tão perto do final.
Pousada REFUGIO DOS PEREGRINOS
 CAMPOS DO JORDÃO
                  Campos do Jordão é uma cidade muito bonita de clima agradabilíssimo. E eu estava lá! Então fui aproveitar o que a cidade oferecia de bom! Passear pela cidade durante a noite e a um restaurante estilo europeu para degustar uma cerveja Baden Baden, fabricada na própria cidade, porém apenas uma cerveja, pois era muito cara; cerca de R$ 14,00 cada e minhas finanças já estavam no final e ainda restava a última etapa. Fui dormir cedo, pois a expectativa para a última etapa era muito grande e muito aguardada.






  24 DE JANEIRO DE 2012 (TERÇA-FEIRA)
C. DO JORDÃO / PINDAMONHANGABA / MOREIRA CESAR / ROSEIRA / APARECIDA .
         Ao acordar neste último e mais esperado de todos os dias desta fantástica peregrinação por caminhos fáceis, difíceis, dificílimos, porém muito gratificantes, deparei com um dia espetacular, sol na medida certa sem perspectiva de chuva! É que me dei conta de quanto esta viagem foi realmente abençoada! Em um período muito chuvoso na região, e desde o primeiro até o último dia não peguei chuva pelo caminho, apenas à noite quando já estava parado para pernoite; e muito menos sol em excesso, o que poderia atrapalhar muito meu desempenho. Graças a Deus!
         Diz o ditado popular “para baixo todo santo ajuda”, mas, o cuidado agora se tornava fundamental, não queria justamente nesse momento sofrer qualquer tipo de acidente que pudesse colocar tudo a perder. Por isso...
...a descida começou seguindo o conselho estampado na foto acima.
Em direção à Pindamonhangaba – SP começava uma das jornadas mais significantes dos meus 50 anos de vida, a conclusão de um projeto que parecia inatingível até aquele momento, pois cada metro que eu avançava, o que parecia impossível se tornava mais real. A descida da serra foi incrível! A estrada contornava a mesma de uma forma bastante interessante apresentando vistas belíssimas.
         ... e a descida continuava! E logo após mais alguns quilômetros, já estava entrando na cidade de Pindamonhangaba para um período de descanso e um lanche (pão com salame em uma padaria, que por sinal estava muito gostoso).
Saindo da cidade para o percurso final, quando a emoção já tomava conta e as lagrimas também, percebi que mais uma vez o pneu traseiro havia furado novamente mesmo com menos peso (tanto eu que já havia deixado para trás mais de 6 quilos no meu peso e mais alguns objetos também) Parei em uma pracinha na saída da cidade para a troca da câmara de ar e dar prosseguimento. Segui por uma rodovia bastante tranqüila paralela à via Dutra e quanto mais eu avançava e os metros ficavam para trás, a emoção e outros sentimentos que não consegui explicar tomavam conta de todo o meu corpo, pois o desgaste, o cansaço, naquele momento já não incomodavam.
             Aproximadamente às 15h entrei nos limites da cidade e as lágrimas de emoção não paravam de escorrer pelo rosto suado, cansado e já um pouco queimado pelo sol mais forte que me recebeu na chegada, porém muitíssimo feliz e realizado. Segui em direção ao Santuário de Nossa Senhora Aparecida e às 15h30min exatamente entrei no estacionamento que dá acesso ao mesmo.
CHEGADA AO SANTUÁRIO DE NOSSA SENHORA APARECIDA DAS ÁGUAS

RIO PARAÍBA DO SUL   









... e finalmente cheguei.

“MOMENTO DE EMOÇÃO PROFUNDA, MUITO CHORO E DE VITÓRIA PESSOAL DE VALOR INCALCULÁVEL, VITÓRIA MESMO! A FÉ ME TROXE AQUI, SÓ ELA MESMO SERIA CAPAZ DE TAL FEITO, PORQUE EM MUITOS MOMENTOS COMO JÁ RELATADOS ANTERIORMENTE PENSEI EM DESISTIR, MAS NÃO ERA ESSE O MEU PROPÓSITO E SIM O DA CHEGADA”


                      Outro momento de muita emoção foi o recebimento do Certificado Mariano de Peregrino do Santuário de Nossa Senhora Aparecida.                                   

... E O QUE REALMENTE FICOU DE TUDO ISSO?

"Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver”
Amir Klink

Eu aprendi que a fé remove montanhas, mas comigo não foi bem assim, a fé, o acreditar e o querer literalmente me levaram a passar por cima dessas montanhas, e olha que eu nunca tinha visto tantas reunidas dessa maneira. Espero que ainda tenha muito mais para serem transpostas, em todos os sentidos da vida, porque Deus está sempre conosco.
(Paulo Fernando de Araujo Santana)

                                         Amém. 




A CREDENCIAL




PLANILHA DA VIAGEM

CIDADE
UF
DIA
DIST. (KM)
TEMPO

VEL
MED
VEL MAX
POUSADA
DATA
GRAU de DIF.
ÁGUAS DA PRATA / ANDRADAS
SP
33,84
3h 39min
9,1
37,40
Grande Hotel Prata
19 Jan
Alto

ANDRADAS /SERRA DOS LIMA/ BARRA 
MG
22,92
2h 24min
9,2
28,1

Casa do Peregrino
20 Jan
Alto
BARRA /CRISOLIA/ OURO FINO
24,63
2h 27min
10
38
20 Jan
Médio

OURO FINO /INCONFIDENTES/ BORDA DA MATA
MG

32,50
3h 40min
11
40,2

Pousada São Geraldo
21 Jan
Médio
BORDA DA MATA/ TOCOS DO MOJI
17,90
2h 17min
7,5
27,6
21 Jan
Alto

TOCOS DO MOJI /ESTIVA
MG
22,75
3h 40min
8
27

Pousada da Praça
22 Jan
Alto
ESTIVA /CONSOLAÇÃO/ PARAISOPOLIS
40,95
4h 15min
9,7
30
22 Jan
Médio

PARAISOPOLIS /SÃO BENTO DO SAPUCAÍ/ SAPUCAÍ MIRIM/ CAMPOS DO JORDÃO
SP
MG
73,89
5h 57min
12,3
38,7

Refugio do Peregrino
23 Jan
Baixo/Médio

CAMPOS DO JORDÃO/ PINDAMONHAGABA
SP
46,92
2h 29min
18,7
39,9

Hotel Pousada do Papa
24 Jan
Baixo
PINDAMONHAGABA /APARECIDA
30,84
1h 48min
16,7
29,60
Baixo
TOTAL
303
28h 26min
12,22